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Também de esquerda

Espaço destinado a reflexões (geralmente) inspiradas na actualidade e na Literatura.

Também de esquerda

Espaço destinado a reflexões (geralmente) inspiradas na actualidade e na Literatura.

Democracias burguesas, Marx e Platão

Democráticas na forma, falsas democracias na substância, assim são as democracias burguesas, mesmo na acepção meramente política, pois nas suas vertentes económica, social e cultural a mistificação é ainda mais evidente.

 

Uma das características definidoras do conceito de democracia política – a livre escolha pelo eleitorado dos seus governantes – encontra-se, neste sistema, comprometida pelo facto de estar circunscrita, na prática, aos dois ou três grandes partidos do sistema, que são, fatalmente, partidos da classe dominante. No caso dos EUA, como entre nós, a rotatividade entre Democratas e Republicanos, ou entre Socialistas e Social-Democratas chega a ser caricata, de tal maneira são próximas as políticas praticadas por ambos, que só traços peculiares das personalidades individuais distinguem.

 

Perguntar-se-á: mas se só contam, para efeitos de governação, esses dois partidos, não será porque os eleitores neles se revêem e não desejam outros? Certo. Os eleitores estão de tal modo condicionados pela ideologia dominante que não vislumbram outras possibilidades, ainda que nenhum dos dois grandes partidos defenda os interesses dos mais desfavorecidos. Perguntar-se-á também: porque não foi o socialismo capaz de obter a mesma adesão por parte dos povos? Contrariamente ao capitalismo, o socialismo não promove os valores mais materialistas da humanidade – promove, sim, a fraternidade e a solidariedade. Ora, no capitalismo, mesmo quando o discurso oficial se engalana de chavões sociais, qualquer um percebe que tudo não passa de retórica e que a esperteza saloia, essa sim, é o emblema, o ex-líbris do sistema. Por alguma razão os políticos averiguados e até condenados por desonestidade no exercício das suas funções acabam por ser objecto de uma avaliação positiva pelo eleitorado – “ele roubou, mas fez obra!”

 

Este banho cultural, em que a cupidez grosseira, a mesquinhez, a ganância desenfreada e os baixos instintos dominam, tende a manter os homens nesse limbo que Marx designou por infância da humanidade. Obnubilados por esta bruma de infantilidade, custa-nos vislumbrar a manhã radiosa da libertação e permanecemos acorrentados nesta caverna de sombras.

A crise toca a todos – mas de forma algo diferente

 

A crise de uns…

 

• Imposto adicional do IRS

• Cortes nas deduções específicas nas despesas de saúde e de educação

• Agravamento dos preços dos bens essenciais, com o aumento do IVA

• Redução das comparticipações

- nos medicamentos,

- nas taxas moderadoras,

- na acção social escolar,

- no subsídio social de desemprego,

- no rendimento social de inserção,

- no apoio aos doentes acamados e aos deficientes,

- no fundo de gastos de alimentação a menores,...

 

e a crise dos outros…

 

• De acordo com o estudo World Wealth Report 2009, elaborado em conjunto pela Capgemini e Merrill Lynch, no final de 2009 havia em Portugal um total de 11 mil milionários, um número que representa um crescimento de 5,5% face aos 10 400 milionários registados no relatório de 2008.

• Os quatro maiores bancos privados a operar em Portugal – BES, BCP, BPI e Santander Totta – obtiveram lucros semestrais de 792,1 milhões de euros, uma subida homóloga de 4,1%, isto é, lucraram perto de 4,5 milhões de euros… por dia.

• A Portugal Telecom teve lucros de 164 milhões de euros no segundo trimestre deste ano, uma subida de 82,5 por cento face ao período homólogo de 2009.

• 0,15% da população mundial, dos quais 53,5% estão nos Estados Unidos, Japão e Alemanha, viu a sua fortuna crescer de 32800 biliões de dólares em 2008 para 39000 biliões em 2009.

 

Macacos me mordam se não estamos perante uma crise muito selectiva, tendenciosa e sectária.