«Engraçado..! Porque será que os demônios só existem na cabeça das pessoas que acreditam em deus? O pior é que dizem que foi o próprio deus quem criou o demônio! Ironicamente penso eu que; deus após criar o mundo, deve ter se sentido muito enfadonho, sentiu que após todos os seus feitos, precisava de um desafio ainda maior.. e em razão disso, resolveu conceber uma entidade para ser um inimigo de si próprio. Ou seja; uma criatura para ser o contraditório de si mesmo! Bom..! Acho isso uma grande ironia.. para não dizer outra coisa!!»
Magno Erasmo Teixeira, in Freud & Nietzsche
O monoteísmo judaico-cristão tem destas bizarrias: um Deus trino (Pai, Filho e Espírito Santo), um Demónio, anjos e arcanjos, santos e santas padroeiros disto ou daquilo – tudo entidades que partilham o poder divino, como acontecia nas mitologias politeístas. No caso de Satanás, é até mais do que partilhar – trata-se de autêntica concorrência. O poder demoníaco é tal que lhe devemos a nossa existência, enquanto seres dotados de História. Com efeito, foi ele quem, disfarçado de serpente, tentou Eva, que, por sua vez, tentou Adão e os levou, ambos, à expulsão do Éden. Ora a saída do Éden corresponde ao surgimento da humanidade sofredora e criadora, que é a nossa condição. Sem o Demónio e a coragem indómita de Eva (que cobardolas, aquele nosso Pai Adão!), ainda hoje* estaríamos a perambular num romântico jardim, repleto de flores e de gorjeios, mas sem qualquer capacidade de iniciativa, insípidos e desenxabidos como qualquer santo de macacaúba, limitados a uma contemplação acrítica, abúlica e aparvoada. Sem História. Dêmos graças à mãe Eva que, muito antes de Nietzsche, não só anunciou como executou, de facto, a morte de Deus, acedendo à Ciência. É de elementar justiça reconhecer igualmente a importância do autor moral – Satanás, conforme já ficou expresso e conta com a certificação da Bíblia Sagrada.
O Diabo está, pois, presente, desde o Génesis, e só pode ter sido obra de Deus. Uma criação de tal modo bem sucedida que acabou ultrapassando o seu criador. (Não é raro os alunos ultrapassarem em sapiência e notoriedade os seus professores…). O que não significa que não devamos reconhecer as Suas qualidades. Uma delas, raramente referida, é o gosto pela leitura.
Embora não disponha de informação certificada sobre a matéria, estou em crer (…) que Deus terá lido as catilinárias de Nietzsche sobre Ele e sobre a religião, bem como as obras em que Freud revela segredos perturbadores sobre a Sua origem nas mentes humanas. Tudo isto ainda antes da expulsão dos nossos pais primordiais. Como nos admirarmos, então, daquela ira que O levou a pôr querubins e uma espada inflamada em redor do Éden para que os desobedientes não mais lá pudessem voltar?
Porém, uma vez refeito da afronta, Deus reconsiderou. Reconsiderou (o que é sempre sinal de bom senso) e, ao reconsiderar, lembrou-se de ter lido também Hegel e Marx. Ora, ao lembrar-se do que lera, percebeu, na Sua infinita sabedoria, que tudo o que criara encerrava em si a contradição dialéctica: a afirmação do fruto é a negação da flor, a espiga afirma-se negando a semente que lhe deu origem, e por aí adiante. Logo, o progresso só é possível pela luta dos contrários: Ele era a Tese, o Diabo, a Antítese, e como a Tese era idealista e a antítese materialista, a síntese que somos ficou embebida de vestígios genéticos da Tese e fortemente impregnada da forte carga material da Antítese, o que é facilmente observável sem recurso a sofisticados instrumentos de observação, quer nas redes sociais, quer nos contactos presenciais com os nossos semelhantes.
Fiquemos, pois, gratos ao Demónio e a Eva, por nos terem livrado daquela parvalheira do Éden, e a Deus por ter assimilado divinamente os princípios do materialismo dialéctico.
Amen.
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Post Scriptum: embora possa parecer, a intenção não é nem de convencer nem de ofender quem quer que seja; apenas a de exprimir com alguma ironia uma opinião pessoal desassombrada. Contudo, se for entendido como ofensivo, apelo para a compreensão e generosidade cristãs de quem assim o entender, no sentido de fazer o seguinte exercício: imagine a violência a que está sujeito o não crente, no seu dia-a-dia, num mundo repleto de fórmulas e designações sagradas, de profissões de fé, de liturgias. É como viver no Inferno.
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* Aproximadamente seis mil e vinte e cinco anos depois da Criação, segundo o bispo Meath, chanceler-mor da Sé de S. Patrício, que situa a Criação no mês de Outubro do ano 4004 antes de Cristo.
Há uma curiosa semelhança entre o funcionamento dos semáforos que passam a vermelho quando se excede o limite de velocidade e o funcionamento da sociedade em que vivemos.
Acontece-me com frequência ficar retido num daqueles semáforos, não por ter excedido o limite de velocidade, mas, pelo contrário, porque, tendo-o respeitado, alguém me segue a velocidade mais elevada e passa ainda com o verde. Com isso, lucra o prevaricador e é penalizado o cumpridor. Como a perfeição não é qualidade que eu possa reivindicar, confesso que também já me aconteceu cometer idêntica transgressão. Empenho aqui, todavia, a minha palavra de honra: foi por distracção. Ora a justificação da inadvertência não é coisa que me esteja reservada. Admito, por isso, que possa acontecer o mesmo com qualquer outro cidadão, tal como eu, incapaz de cumprir a sua caminhada existencial sem que se lhe possa apontar o mínimo deslize. Mas também acredito que haja alguns condutores, ainda menos isentos de imperfeições, que o fazem deliberadamente, sabendo que seguirão em frente, deixando os cumpridores retidos. Uma vez por outra, talvez aconteça um agente camuflado nos arbustos aplicar ao infractor a merecida coima.
Feita a observação com as devidas advertências, o que mais importa é pôr agora em evidência a estreita semelhança entre o que se passa com estes semáforos e o que se passa com a nossa sociedade.
Não é segredo para ninguém que, todos os dias, um sem-número de honestos cidadãos cumpridores da lei e dos ditames da decência penam no seu dia-a-dia laborioso para assegurar a sua difícil sobrevivência, pagando as suas contas e esforçando-se por nada ficar a dever a ninguém. Eles até podiam invocar a inadvertência, para omitirem o pagamento de uma factura aqui, outra acolá; podiam mesmo prevalecer-se da pouca sorte de terem nascido pobres para justificar o eventual assalto a uma instituição financeira ou a conivência de amigos bem colocados para transaccionarem influências e coisas do género – mas não! Preferem permanecer fiéis a normas de conduta que lhes foram incutidas e a que eles conferem o carácter categórico do imperativo kantiano. Ao mesmo tempo, todos os dias (ou quase) somos bombardeados com notícias de banqueiros, ministros, CEOs de grandes empresas, dirigentes desportivos, altas individualidades (como se usava muito dizer), gente importante, enfim, que desrespeitou, não o limite de velocidade, mas os limites da legalidade, da honestidade e da decência, durante anos, usufruindo de enormes somas de dinheiro e de toda a espécie de bens e regalias, sem que tenham sido retidos ou, neste caso, mais propriamente, detidos. Por via de regra, só depois de terem demoradamente usufruído daquilo que lhes não pertencia são instados a prestar declarações, em processos que se arrastam o tempo necessário para que atinjam o fim do seu trajecto existencial sem grande perturbação do seu modus vivendi.
Parece ficar assim demonstrada a discutível eficácia dos semáforos. E a da justiça. Não tanto aquela cuja administração incumbe ao sistema judiciário, mas antes a justiça inerente à natureza do sistema tout court. Como, em relação a esta última, não vejo qualquer possibilidade de correcção, dentro do actual quadro sociopolítico, sugiro às entidades competentes que revejam o funcionamento dos semáforos: uma hipótese seria retirar ao vermelho a sua carga proibitiva e fazer dele a cor indicativa de que se pode avançar.
Declaração de interesses: o vermelho é a minha cor preferida.
ENUNCIADO PERFORMATIVO E OMNIPOTÊNCIA DO PENSAMENTO
(Adenda ao postConvenções sociais, bordões linguísticos e mitologias degradadas)
Em linguística, designa-se enunciado performativo aquele que, no acto da elocução, “faz” aquilo que diz. Por exemplo, quando dizemos a alguém «Obrigado!», estamos, de facto, a agradecer (dizer é fazer). Com os votos de «Bom ano» e outros, essa dimensão performativa ocorre também (aliás, também dizemos «faço votos por que…», ou seja, mais do que “dizer”, “faço”), mas suponho que, a esta dimensão performativa, subjaz uma outra, mais profunda e inconsciente, de carácter mágico. O locutor, sem disso se aperceber, crê na omnipotência do seu pensamento, isto é acredita que, com alguma sorte, o seu voto de bom ano tenha o poder de se concretizar.
Mitologia degradada (Eliade), omnipotência do pensamento (Freud), «o papel espantoso, disfuncional e funcional, da irracionalidade na racionalidade (e a inversa)» (Morin). Alguma vez renunciaremos ao mito?!
Exceptuando os casos – em princípio, raros – de isolamento voluntário ou forçado, como animais gregários, que somos, vivemos em sociedade e cumprimos certo número de convenções que constituem como que uma senha de acesso ao convívio com nossos semelhantes. Uma dessas convenções, talvez a mais generalizada, consiste em saudar. «Salve» e «Ave» estando hoje circunscritas ao registo religioso ou irónico, dispomos do «Bom dia», «Boa tarde», «Como está?», etc., correspondentes laicas das anteriores saudações. Não saudar o concidadão de uma maneira ou de outra representa uma falta de cortesia ou até manifestação de desprezo, apenas desculpável se o objecto da nossa interpelação for de pouca importância, de rápida resolução e introduzido por uma fórmula desculpabilizante: «Perdão, sabe dizer-me se o autocarro já passou?» Frequentemente, a saudação nem sequer constitui um primeiro passo no entabulamento de qualquer comunicação formal; funciona, então, como sinal de identificação comunitária: ao chegar à paragem do autocarro, digo apenas «Bom dia!» aos presentes; porém, a mensagem implícita é bem menos lacónica: «Não nos conhecemos, mas pertencemos à mesma comunidade de pessoas sérias e empenhadas no bem colectivo, pelo que me compraz terdes um bom dia de trabalho, de estudo ou de lazer.» Havendo poucas pessoas à espera do autocarro, é provável que me retribuam a saudação, como sinal de que sou bem-vindo. O cão talvez abanasse a cauda, e o gato … sei lá, arqueava o dorso? O que é certo é que todo o inexpresso está bem escondido – eventualmente, no sistema límbico –, e apenas aflora o «Bom dia!».
Nas chamadas quadras festivas, a estes cumprimentos de todos os dias juntam-se os votos: é o «Feliz» ou «Santo Natal», o «Bom ano», as «Boas Entradas em 2022», a «Páscoa Feliz». Não são saudações, mas não deixam de ser uma convenção, e o cidadão que se abstém de desejar um «Bom ano» ao seu vizinho será visto, no mínimo, como antipático.
Acontece que, se o «Bom dia» e «Boa tarde» não transportam consigo nenhuma carga emotiva que emissor e receptor percepcionem conscientemente, pouco mais representando, em geral, do que um livre-trânsito para a entrada em diálogo com quem quer que seja, já os votos de «Bom Natal» ou «Bom ano» encerram frequentemente uma significativa carga de júbilo. Em muitos casos, há ainda um grande despojamento na formulação do voto (o emissor pretende apenas dar mostra de cortesia para com o receptor), mas é, de facto, frequente essa formulação estar fortemente impregnada de um sentimento de comunhão com o outro, como se aquele concidadão, até aí indiferente, apenas mais uma das pessoas com quem diariamente interagimos esporádica e superficialmente, adquirisse naquele instante uma dimensão excepcional, e ele passasse a ser, por instantes, um verdadeiro irmão, numa relação de comunhão connosco, qualitativamente diferente da identificação comunitária dos utentes de transportes públicos.
Suponho que este substancial acréscimo de afectividade na pragmática linguística tem uma motivação de carácter mítico que procurarei esclarecer.
Mircea Eliade caracteriza de forma magistral a diferente percepção que temos do tempo, em função da nossa relação (ou ausência dela) com a divindade: Enquanto «o homem religioso vive em duas espécies de tempo, a mais importante das quais, o Tempo sagrado, se apresenta sob o aspecto paradoxal de um Tempo circular, reversível e recuperável, espécie de eterno presente mítico que o homem reintegra periodicamente pela linguagem dos ritos», o homem não religioso – que também «conhece uma certa descontinuidade e heterogeneidade do Tempo», (o tempo do trabalho e o do lazer ou da festividade; o tempo da recreação; o tempo do encontro com a pessoa amada, etc.) – não vê no tempo «nem ruptura nem mistério: o Tempo constitui a mais profunda dimensão existencial do homem, está ligado à sua própria existência, portanto tem um começo e um fim, que é a morte, o aniquilamento da existência.»
Com efeito, se o «Bom dia» pode exprimir o desejo de que o dia corra bem ao nosso interlocutor, já o «Bom ano» ou «Bom 2022», dada a extensa sucessão de 365 dias sujeitos a tantos percalços, trai a crença num “recomeço do tempo” – um tempo “descontínuo”, “recuperável” e renovado, que se reveste de uma aura sobrenatural e assume o estatuto de entidade consciente com capacidade para intervir na nossa existência.
«Que o novo ano vos traga isto ou aquilo» significa que, para o emissor do voto, o Tempo é uma entidade com capacidade autónoma para “trazer coisas”; «que o novo ano seja assim ou assado» significa que o Tempo dispõe da possibilidade de modelar a sua feição e de aceder ou não ao desejo de quem emite o voto. Ou seja: a formulação destes votos, aparentemente anódina e simples forma de expressão de cortesia ou de amizade, revela, se passada ao crivo das suas motivações inconscientes, a crença mítica característica da percepção que o homem religioso tem do tempo.
Bem sabemos que os bordões linguísticos não passam de auxiliares fáticos do emissor em ruptura momentânea do fôlego discursivo. Que o diga quem inicia qualquer frase com o “portanto”, por menos conclusiva que seja a proposição assim encetada. Porém, o bordão linguístico não contém a energia afectiva dos votos a que me venho referindo. Estes últimos configuram um vestígio do pensamento mítico a que até o homem não religioso dificilmente escapa. É a mitologia degradada de que fala Eliade: mesmo nas sociedades modernas, o homem sem religião «dispõe ainda de toda uma mitologia camuflada e de numerosos ritualismos degradados.» É o que se constata, por ex., por ocasião de festividades e celebrações tais como a passagem de ano, o casamento, o nascimento, a promoção profissional, etc., ou «nos espectáculos que ele prefere, nos livros que lê, [porque] a leitura comporta uma função mitológica». Com efeito, para além de substituir os antigos mitos e a literatura oral de outros tempos, a leitura também lhe permite uma «“saída do Tempo” comparável à efectuada pelos mitos.»
Há dias, numa reportagem da tv, uma senhora de 101 anos vacinada num lar respondia a perguntas da jornalista com um remate sistemático: «Não fui infectada, graças a Deus», «Não reagi mal à vacina, graças a Deus», «Sinto-me bem, graças a Deus». A destrinça entre o bordão linguístico e a retoma ritual (Freud diria: neurótica obsessiva) do agradecimento reconhecido à divindade é difícil de fazer. Há, muito provavelmente, algo dos dois. E compreende-se, atentas as características do locutor (a idosa).
Quando, ainda hoje, se bem que cada vez mais raramente, ouvimos jornalistas da rádio ou da televisão, nomeadamente as públicas, despedir-se com um “Até amanhã, se Deus quiser», há, todavia, razão para incómodo e para estas interrogações:
Antes de mais, estará o jornalista a par da natureza laica da República?
Admitindo que está disso ciente, a invocação da vontade divina será simples cedência ao hábito arreigado, vindo da infância, e, por conseguinte, não passa de bordão linguístico, o que, para profissionais da comunicação é sinónimo de inabilidade no uso do seu instrumento profissional?
Quanto ao autor do post, ai dele, que ousa resistir à convenção imbuída de misticismo (consciente ou inconsciente)! Terá lido muitos romances de cavalaria (ou seus equivalentes mais recentes), e vê gigantes onde só há moinhos de vento. Acabará sacrificado no altar da convenção.
«Para a dialéctica não existe nada de definitivo, de absoluto, de sagrado…» Engels
Que o sentimento de segurança é condição de sobrevivência e de pró-actividade num mundo «em perpétuo movimento», ninguém duvidará. São os meios de alcançarmos esse sentimento que não são necessariamente os mesmos para toda a gente. Partamos de uma perspectiva em que se cotejam as atitudes do crente e do não crente, do liberal e do antiliberal.
O crente confia – em graus variáveis, é certo – na protecção de uma entidade sobrenatural que ele percepciona como realidade inquestionável, dispensando mesmo os critérios da fiabilidade e da racionalidade, uma vez que a eles sobrepõe o critério da fé. Fá-lo, tendo pragmaticamente em conta condicionamentos da sua existência que pouco ou nada terão a ver com a sua crença, mas a sua fé constitui a derradeira garantia de íntima segurança, quando as circunstâncias da vida lhe não facultam outro amparo.
O não crente, por sua vez, e também em graus variáveis, tende a equacionar os elementos conhecidos da realidade envolvente, buscando encontrar neles nexos potenciadores dos equilíbrios necessários à prossecução dos quadros estruturais e conjunturais que viabilizem esse sentimento e essa segurança. Esses elementos – no fundo, definidores do seu ser social – são essencialmente de natureza económica e são percepcionados diferentemente pelo não crente, em função de orientações ideológicas que variam grandemente.
A um lado, o liberal propugna a interacção sem constrangimentos das forças que propulsionam as trocas de todo o tipo entre indivíduos e grupos que interagem nos diversos domínios da actividade humana, nomeadamente o económico (livre iniciativa, livre comércio, …), confiantes de que essa interacção conduzirá à auto-regulação e conferindo ao mercado um estatuto algo próximo daquele que o crente atribui à providência divina (Deus vela por nós; o mercado, pelos nossos negócios).
Do lado oposto, o antiliberal materialista dialéctico, descrente do potencial de harmonia e de segurança a prazo do liberalismo económico, vê no constrangimento (eufemismo transparente…) das forças destrutivas consabidamente inerentes àquilo a que os liberais chamam a “natureza humana” a chave de um controlo eficaz dos nossos impulsos “reptilianos”, na busca de sínteses que ele sabe passageiras.
Afinal, o liberalismo e as doutrinas que promovem o culto da individualidade e a exaltação à outrance da liberdade individual estão para o materialismo dialéctico e histórico um pouco como como o “id” para o “super-ego”, numa transposição talvez algo simplista e caricatural da psicanálise para o plano social, sendo de admitir que, na caricatura, sempre alguns traços de verdade transparecem.