Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Também de esquerda

Espaço destinado a reflexões (geralmente) inspiradas na actualidade e na Literatura.

Também de esquerda

Espaço destinado a reflexões (geralmente) inspiradas na actualidade e na Literatura.

Algumas questões de índole científica

Contrariamente a mim, que sou da área das Letras, mas fascinado pela Ciência, particularmente pela Cosmologia, há pessoas no fb que sabem do que falam –  José M F Costa, por exemplo – razão pela qual me atrevo a dar aqui conta de algumas dúvidas que tenho. Se alguém tiver alguma disponibilidade para colmatar a minha ignorância, aqui fica, desde já, a expressão da minha gratidão.

 

Tenho lido algumas obras de divulgação científica (Atkins, Hawking, Kaku) que me deixam perplexo, no sentido de encantado com a maravilha que é o Universo. Se coisas como a gravidade não ser propriamente uma força, mas o efeito provocado pela curvatura do espaço-tempo na proximidade de objectos com massas enormes, são coisas que ainda estão ao meu alcance, já outras, que passo a enumerar, são (ainda) mais difíceis de entender:

 

  1. Quando se fala de expansão contínua e acelerada do Universo tem de se supor que ele se expande para algum lado. Esse “lado” não é ainda Universo? Porque, se não existisse espaço para onde o Universo pudesse expandir-se, como poderia ele expandir-se? Julgo saber que o Peter Atkins, pelo menos, defende a ideia do nada absoluto, antes do big bang, mas

 

  1. Se a partícula ínfima e de densidade infinita que deu origem à explosão inicial pôde expandir-se rapidamente, expandiu-se por ter espaço para onde se expandir. Em qualquer caso, a ideia de um Universo, pré ou pós-big bang, finito afigura-se-me estranha: a ideia de uma espécie de parede ou de uma esfera fechada é de difícil compreensão, porque, por detrás de um “limite”, há sempre algo e mais algo e mais algo. Daí me parecer mais fácil de entender (o que não significa necessariamente ser verdadeira) a teoria de um Universo sem princípio nem fim, ainda que em constante evolução, ou a teoria do multiverso, esta relacionada com os buracos negros.

 

  1. A teoria das cordas também é complicada, mas aquele exemplo do universo bidimensional do peixe é convincente: o peixe está num aquário tão estreito que só lá consegue mover-se em comprimento e em largura; o aquário não tem altura suficiente para o peixe subir e descer. Para esse peixe, o universo só tem duas dimensões; nós conhecemos três dimensões espaciais mais o tempo, quatro; poderá haver outras, em relação às quais estamos em situação semelhante à do peixe?

 

  1. A teoria quântica, essa sim, pelo que pude ler em Michio Kaku, afigura-se-me, pelo menos no particular da não existência do não observado e da existência em todos os estados, como algo que lembra o idealismo filosófico de Berkeley: «Se uma árvore cair numa floresta, mas não estiver lá ninguém para a ver cair, então, na realidade, ela não caiu […]. Antes de ser feita uma observação, não se sabe se ela caiu ou não. De facto, a árvore existe simultaneamente em todos os estados possíveis: pode arder, cair, ser cortada para lenha, ser serrada, etc. Logo que é feita uma observação, a árvore adquire subitamente um estado definido e vemos, por exemplo, que ela caiu.» (Kaku, Mundos Paralelos, p. 171) Parece brincadeira. Felizmente, nem tudo é assim (suponho eu) na física quântica.

 

(5. Brincadeira por brincadeira, o beijo do Rubiales só existiu porque foi observado. Azar dele.)

Algumas questões de índole científica